A simplicidade cara.
06:08Século XX. Marcado pela plenitude capitalista, industrialismo, modo de vida urbano, gosto de pelas ciências e pelas artes. A França, que cem anos antes, influenciou o mundo com sua ideologia e política durante a revolução francesa, via-se mais uma vez 'sob os holofotes', tendo Paris, como a capital do mundo civilizado, referência em cultura, artes e estilo. Deu-se início a um novo ciclo, a Belle Époque, era do luxo, prazeres e das lutas sociais.
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A evolução industrial produzia mudanças evidentes na estrutura da capital, que já contava com certas conquistas desde a segunda metade do século XIX, como a eletricidade e os transportes ferroviários, trazendo dinamismo a vida moderna, e era agora impulsionada pela burguesia e classe media, com suas vaidades e desejo de desfrutar dos prazeres materiais.
Contudo, a classe operária continuava as margens do progresso. Quanto mais se urbanizava, mais diferenças sociais surgiam. Nesse momento os trabalhadores empenhavam-se na defesa dos ideais socialistas, fundando sindicatos e iniciando greves.
Há destaque também para a figura da mulher, agora colocada em pauta, não mais como peça do lar, mas como parte atuante na produção industrial, alavancando a criação de movimentos feministas.
Alguns anos antes da virada do século, mais precisamente em 19 de Agosto de 1883, nasce Gabrielle Bonheur Chanel, sobre o prefácio de grandes mudanças.
Após a morte de sua mãe, foi abandonada pelo pai em um orfanato, atrás dos muros de um convento, onde aprendeu a costurar. Influenciada pela rigidez do cotidiano, desenvolveu o gosto pelo preto e branco, porém, em contraposição, inspirada pelo romantismo e pureza do mundo religioso, encantou-se pelas pedrarias, pelo ouro e pelo estilo barroco, típico do XVI.
Ao sair do orfanato, passava os dias costurando, e as noites cantando em cafés/cabarés para os homens da cavalaria. Foi lá que ganhou o apelido de Coco, que significa "queridinha", mas também era o refrão de uma música que ela costumava a cantar: "Who Has Seen Coco?".
Preferiu fingir que seu pai lhe deu o apelido.
Nesse período, tornou-se amante de um ex-oficial de família rica, Étienne Balsan. porém sua grande paixão foi Arthur Capel (Boy Capel), amigo de Étienne. Boy Financiou suas boutiques em Paris, Deauville e Biarritz e deu-a referências artísticas, literárias e culturais.
A inspiração para suas roupas era simples, porém original: O guarda-roupa masculino. Chanel livrou-se da preocupação com os ornamentos extravagantes, e investiu na elegância da simplicidade.
Criou modelagens leves, 'libertou' a silhueta, encurtou os vestidos, e criticou as mulheres com um 'cofre no pescoço', mostrando que uso das bijuterias não era problema, que o essencial era a ilusão.
Modelagens simples,o preto, silhueta livre, uso das pérolas. Para suas jóias, em uma única e exclusiva coleção trouxe 'o céu parisiense', a leveza, o movimento e a desconcentração das franjas, remodelando a mais preciosa das pedras, o diamante. O estilo criado por Coco tornou-se símbolo de status, tomando proporções atemporais. Havia começado um novo século na moda.
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Capel morreu em 1918, em um acidente de carro. Exilada por anos na Suíça, decidiu seguir em frente e dedicar-se ao que lhe restou: Seu trabalho.
Em 1954, desprezada pela imprensa francesa, conquistou a América. Aos 70 anos, revolucionou a moda mais uma vez, com peças icônicas como o Tailleur (jaqueta de inspiração militar), a sandália bege de bico preto e a bolsa com a alça de corrente.
Apesar do sucesso de suas peças, o que a tornou milionária foi seu perfume, o Chanel n°5. O perfume criado em 1921, desenvolvido por Ernest Beaux, a pedido de Chanel deveria ser um presente para seus melhores clientes, por isso foram produzidos apenas 100 frascos. Porém foi relançado em 1926.
Gabrielle vestiu sua própria vida, e sobretudo, as coisas que amava. Deixou de lado a sutileza dos detalhes, tornando-os brilhantes. Chanel criou não só uma marca, mas um legado a sua imagem, reflexo de sua maneira de transver o mundo.
Movida pelo desejo de liberdade, pela leveza, força e poder, fez de suas roupas um refletirem sua história. A órfã que se tornou uma lenda, o símbolo da mulher do século XX. Coco havia libertado a si mesma.
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